Publicado por: gprop | abril 24, 2008

Destaques do Fórum

Realizado no Anfiteatro Verde (Mª Aparecida Pourchet Campos) da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, o Fórum “Como Informar sem Estimular” teve sucesso no objetivo de propagar a mensagem para um grande número de pessoas. O auditório atingiu sua capacidade máxima durante o evento, que se estendeu até as 14 horas.

O projeto Monitoração, em fase final e apesar de ser de âmbito nacional, não se caracterizava por uma notabilização suficiente dos profissionais das áreas mais envolvidas – farmacêuticos e profissionais da área da propaganda. No entanto, os presentes puderam conhecer e se familiarizar com o trabalho realizado e com a situação atual do marketing farmacêutico de modo geral e, mais especificamente, no Brasil.

A Diretora da FCF e do projeto Monitoração, Profª. Drª. Terezinha Andreolli Pinto, abriu o Fórum explanando a situação atual da propaganda de medicamentos e os dois lados da questão a serem debatidos – o lado do marketing e o lado da saúde. Citou argumentos de quem era radicalmente contra e de quem era a favor de propaganda totalmente liberada, como um comercial de chocolates. Obviamente, o intuito era alcançar um meio-termo que atendesse a todos da melhor forma possível.

Em seguida, Geraldo Araújo, ex-GPROP, fez uma breve explanação sobre incorreções na propaganda medicamentosa: os tipos de erros mais comuns, dados estatísticos sobre o uso incorreto e a propaganda imprópria e números que demonstravam como o Projeto Monitoração fez efeito em nível nacional.

A aluna Tassia Cristina Decimoni, coordenadora do Projeto Monitoração, deu detalhes do projeto, sua história, sua formação, seu funcionamento, seu objetivo, tudo pontuado com exemplos e explicando a regulamentação das propagandas e com vários exemplos de incorreções em diversas propagandas. Expôs a abrangência do projeto, desde a ANVISA até as universidades afiliadas. Mencionou a obrigação do farmacêutico em alertar o paciente para o consumo desenfreado de medicamentos.

Júlio César Ruiz, ex-Presidente do Centro Acadêmico, gerente de produtos da Boehringer – Ingelheim do Brasil, explicou a posição do farmacêutico dentro do marketing dos produtos. Citou também a preocupação das grandes indústrias em terem propagandas mal-interpretadas, que é bastante grande, e que os anúncios errôneos tendem a ser produto de empresas menores, com produtos costumeiramente de baixa qualidade. Júlio avaliou também que a propaganda diretamente à população é pouco nociva, pois o médico é o decisor final. A propaganda mais importante é para o médico: É preciso levar a ele a informação com a maior veracidade possível.

Posteriormente, Dr. Paulo Junqueira, gerente médico da Roche, apresentou um argumento contrário às DTC, propagandas diretas ao consumidor. Foi mais fundo na questão da fiscalização, citando que propagandas abusivas não perduram mais somente por denúncia da concorrência; e que a falta de fiscalização por parte das autoridades é um problema muito maior do que a simples regulamentação da mesma.

Dr. Paulo explanou também sobre a agência interna de publicidade que a Roche mantém para a realização de seus anúncios, e sobre a dificuldade de conciliar os interesses dos propagandistas com o interesse da área da saúde – por vezes, boas idéias têm que ser engavetadas para não ocorrer nenhum problema. Tudo para proteger o rosto da empresa, pois a marca é o bem mais valioso da mesma.

Raphael Revert, propagandista da Merck-Sharp-Dohme, discutiu a figura do representante de vendas, que não deve ser um mero vendedor, e sim mais um agente comprometido com a saúde. Reiterou que a amostra grátis deve ser um facilitador, mas não o objetivo, como vem sendo tratada freqüentemente; detalhou a relação entre o médico e o representante, que deve ser construída à base de observação e conhecimento do cliente. Mencionou também a importância de ambos para a utilização correta do produto, uma vez que mau uso pode causar o abandono do mesmo.

Dr. Marcos Broglio, médico urologista do Hospital Geral de Guarulhos, citou os problemas de adequação do paciente ao remédio, e citou ocorrências negativas que atravancam a relação e acabam comprometendo a adesão ao tratamento. Discorreu também sobre relações espúrias entre médico e farmácia, práticas reprováveis que promovem medicamentos não necessariamente melhores. Citou o fato de que médicos de uma área prescrevem medicamentos de outra área, por diversas razões, e as amostras grátis, que são usadas sem critério pelos pacientes.

Por fim, o Prof. Dr. Moacyr Aizenstein, palestrando sobre o uso irracional de medicamentos, citou as muitas conseqüências da automedicação, mas também suas causas sociais. Prosseguiu desenvolvendo-se em como evitá-la ao máximo: educação da população, em hospitais e farmácias, com a existência de protocolos clínicos, medidas regulatórias e também econômicas, como incentivo a agentes de saúde. O professor citou ainda que 25% dos PRM – erros de medicação – poderiam ser evitados.

Com toda essa informação, podemos esperar que tenha sido incutida nos presentes a consciência a respeito de propaganda racional, de modo a formar uma classe de profissionais conscientes para o uso racional de medicamentos.


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